sexta-feira, 1 de março de 2013

Zico nosso Rei






Discussões entre torcedores de times diferentes tendem à irracionalidade. Torcer e defender seu time é um ato irracional. Não importa a superioridade fática de seus argumentos. Sempre haverá um contra-argumento que esnobará o passado em função do presente (famoso "vivendo de museu") ou ressaltará a importância da tradição.

De qualquer forma, atento apenas aos fatos, não se pode negar que o Flamengo encontra-se no quadro de honra dos melhores da história do Brasil, muito a frente dos seus rivais cariocas.

Devemos esta condição a uma geração capaz de formar um time de exceção, marcado na história do futebol como um dos melhores a subir as escadas dos vestiários e que exerceu seu domínio do futebol brasileiro durante os anos 80.

Dentro deste time havia um expoente, líder e capitão. O ícone de um time que levou o pavilhão rubro-negro às suas maiores glórias. Aquele a quem sempre renderemos nossas mais sinceras homenagens. Arthur Antunes Coimbra. O Galinho de Quintino. Nosso Rei Zico.

Um jogador único, dotado de incrível qualidade técnica, alçado aos mais altos patamares dos monstros sagrados do esporte bretão. E até hoje considerado uma pessoa exemplar, referencia como desportista e cidadão.

Lógico que sempre existirão aqueles de mente pequena que tentarão alardear "mais você não o viu jogar, você não viu aquele título.". Aos cegos, a resposta.

A eles respondo, eu vi sim. Diversas vezes. Partidas completas. Aproveitei as facilidades que a tecnologia hoje oferece. Sabe o que eu vi senhores? Um time que dominava seus adversários por sua imensa superioridade técnica. Um time que representava o domínio do futebol brasileiro no mundo. Um time capaz de bater, como bateu, todos os grandes times do futebol brasileiro da época. Tudo isto com raça, suor, técnica, amor e paixão. Nada ganho em viradas de mesa ou tapetão. Tudo ganho em campo até o sopro do apito final. E dentro deste time estava aquele camisa 10, o da Gávea, sucessor de Pelé, sempre pronto para resolver quando necessário para depois levantar a taça de campeão.

É engraçado que os nascidos até o início da década de 70 não se utilizam deste argumento. Eles viram Zico jogar e respeitam o fato de que presenciaram a história do futebol ser escrita pelos pés do Galinho. Eles, mesmo não flamenguistas, são capazes de assumir que assistiram um futebol de primeira qualidade ser jogado pelo esquadrão rubro-negro. Não há demérito algum nesta postura, que em nada abala o amor que possuem por seus times. Eles simplesmente foram testemunhas oculares de um time extraordinário e assim o aceitam. Coisas que uma mente pequena, que não viu Zico jogar, será incapaz de compreender e por isso, se apegará ao argumento vazio.

Mas existe a crítica mais comum, fácil de ser utilizada pelos caolhos futebolísticos. A Copa do Mundo teve o azar de não ser ganha por grandes lendas do futebol mundial. A Hungria de Puskas. Leônidas da Silva, Domingos da Guia e Zizinho. A Laranja Mecânica Holandesa. E também as seleções brasileiras de 1982 e 1986. Todos os times marcaram o futebol a sua maneira e até hoje são exaltados por sua representatividade. São poucos os que são agraciados com o título de uma Copa do Mundo e por isto devem ser festejados. O Brasil, já notório por sua falta de memória, utiliza sua história para desmerecer dois times que marcaram a história do futebol e tiveram como seu líder, principal jogador e expoente máximo de técnica, Zico. Um homem que nunca se furtou a sua responsabilidade e assumiu a culpa que lhe jogaram nas costas, sem clamar por nenhum tipo de justiça ou retratação. Apenas um diferenciado, simbolo de sua geração, é capaz de assim proceder. Aos caolhos, sinto apenas pena, seja de sua falta de visão ou talvez da imensa inveja.

Por isso, neste 3 de março, aniversário do Galo, devemos pintar a cidade, o estado, o país e o mundo de vermelho e preto. Devemos mostrar a todos, que por vezes se enganam, nosso tamanho e nosso orgulho. Mostrar que, quando queremos, transcendemos a figura da mera torcida e nos transformamos em um fenômeno social capaz de uma mobilização de rara beleza neste país.

Podemos nos orgulhar porque o que somos hoje é fruto do que fizeram Zico e todo o panteão de ídolos que envergaram o manto sagrado, suaram e sangraram, correram e penaram, nunca desistiram e honraram.

Neste final de semana mostraremos todo nosso orgulho.

Senhores, o hino já diz "Vencer, vencer, vencer. Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer.".
E assim seguiremos. Não há desgosto profundo. Apenas a imensa alegria de ser Rubro Negro.

SRN.

P.S: Eu vi Zico jogar ao vivo sim. Junto com Júnior, Adílio, Andrade e Leandro. Fui ao Maracanã, cantei meu orgulho de ser rubro negro e comemorei Zico marcando gol. Não importa a idade dos jogadores ou sua condição física. Eu estava lá. E nada poderá tirar de mim a alegria de presenciar o mais alto quilate da história flamenga jogando em casa, no nosso Maraca...

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